sexta-feira, 30 de março de 2018

Danos da mineração, repetindo. Até quando?

Mineroduto da Anglo American se rompe pela segunda vez em Minas




Léo Rodrigues Repórter da Agência Brasil
Apenas 17 dias após se romper e levar poluição a um manancial em Minas Gerais, o mineroduto da Anglo American voltou a registrar um novo vazamento. De acordo com a mineradora britânica, o episódio ocorreu ontem (29) às 18h55. A polpa de minério de ferro vazou durante aproximadamente cinco minutos. O rompimento já foi estancado e a empresa paralisou as operações.

Assim como no primeiro episódio, ocorrido em 12 de março, o Ribeirão Santo Antônio foi atingido. No entanto, o abastecimento do município de Santo Antônio do Grama (MG), com população de aproximadamente 4,2 mil pessoas, não deve ser afetado, uma vez que a ocorrência de 17 dias atrás levou a mineradora a instalar uma adutora para captação no Córrego do Salgado.

"As autoridades e órgãos competentes foram avisados imediatamente após identificado o vazamento. A empresa está mobilizando todos os esforços para ação imediata de resposta ao incidente e, tão logo tenha mais informações, divulgará à sociedade", informou a empresa em nota. De acordo com a Anglo American, a polpa de minério é inerte e classificada como não perigosa conforme normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Em decorrência do primeiro rompimento, a Secretaria de Meio-Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad) deu à mineradora um prazo até o dia 31 de março para recolher o minério que vazou e sedimentou na calha e nas margens do Ribeirão Antônio do Grama. Além disso, a Anglo American precisará concluir o Projeto de Recuperação da Área Degradada (Prad) e garantir a estabilidade da barragem de emergência, estrutura utilizada para armazenar a polpa de minério quando se faz manutenção no duto.

Na ocasião, a empresa calculou um vazamento de 300 toneladas de polpa de minério. O abastecimento de água da cidade chegou a ser interrompido e a Anglo American precisou disponibilizar caminhões-pipa em um primeiro momento. Paralelamente, em acordo com a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), iniciou-se a captação no Córrego do Salgado.

O mineroduto é parte do empreendimento Minas-Rio, que envolve a extração de minério nas serras do Sapo e Ferrugem e o beneficiamento nos municípios de Conceição do Mato Dentro (MG) e Alvorada de Minas (MG). A estrutura tem 525 quilômetros e é responsável por levar a produção até um porto em Barra de Açu, no município de São João da Barra (RJ), no litoral fluminense. Todo o complexo é apontado pela Anglo American como seu maior investimento mundial.

rompimento do dia 12 de maçro também é objeto de um inquérito  instaurado pelo Ministério Público Federal (MPF) e de uma ação civil pública onde o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) pede o bloqueio imediato de R$10 milhões da Anglo American, com o objetivo de garantir a indenização pelos prejuízos sociais e ambientais. Antes do rompimento, o MPMG também já havia ido à Justiça para denunciar violações de direitos na implantação do projeto Minas-Rio e cobrando R$ 400 milhões para reparação dos danos.
Léo Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Edição: Valéria Aguiar




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