Aposta do Brasil, vacina de Oxford ainda não tem aval da UE
Vice-diretor da agência de
medicamentos do bloco diz que faltam dados e pedido de registro. No Brasil,
Fiocruz aguardará aval da Anvisa para produzir o imunizante.
Imunizante produzido por AstraZeneca e Oxford é a maior aposta do governo brasileiro contra a covid-19 |
A Agência Europeia de
Medicamentos (EMA) provavelmente não será capaz de conceder em janeiro o
registro para a vacina contra a covid-19 desenvolvida pela farmacêutica
AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, afirmou o vice-diretor
executivo do órgão, Noel Wathion.
"Eles ainda nem fizeram o
pedido para nós", disse Wathion em entrevista ao jornal belga Nieuwsblad publicada
nesta terça-feira (29/12).
Segundo ele, a agência
responsável por aprovar medicamentos e vacinas do bloco europeu recebeu apenas
algumas informações sobre a vacina.
"Não é o suficiente nem para
garantir uma licença provisória", afirmou. "Precisamos de dados
adicionais sobre a qualidade da vacina. E, depois disso, a empresa precisa
solicitar o registro formalmente".
Isso, de acordo com Wathion, faz
com que uma aprovação em janeiro seja "improvável".
Imunizante no Brasil
A vacina de Oxford/AstraZeneca é
a principal aposta do governo brasileiro para imunizar a população do país, que
já pagou para receber no primeiro semestre de 2021 o princípio ativo para 100
milhões de doses e transferir a tecnologia de produção para a Fundação Oswaldo
Cruz (Fiocruz).
A previsão
atual da Fiocruz é entregar ao Sistema Único de Saúde (SUS) o primeiro
lote da vacina, com 1 milhão de doses, na semana de 8 de fevereiro. A partir da
última semana de fevereiro, a entidade projeta entregar 3,5 milhões de doses
semanais.
A disponibilização da vacina no
Brasil depende ainda de aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa). A Fiocruz já submeteu a maior parte dos dados à agência e espera
concluir o envio no início do próximo ano, com a expectativa de receber o aval
do órgão no final de janeiro.
A lei 13.979, que regula o
enfrentamento à pandemia no Brasil e entrou em vigor em fevereiro, estabelece
que, caso a Anvisa não autorize o uso emergencial de uma vacina em 72 horas
após o pedido, os gestores de saúde podem importar e usar imunizantes que já
tenham sido aprovados pelas autoridades sanitárias da União Europeia, dos
Estados Unidos, da China e do Japão.
Em 19 de dezembro, a Câmara aprovou
mudanças na lei para autorizar também o aproveitamento de decisões
tomadas por agências de outros cinco países: Canadá, Reino Unido, Coreia do
Sul, Rússia e Argentina. O texto ainda precisa ser analisado pelo Senado.
Na semana passada, a AstraZenca
afirmou que sua vacina deve ser efetiva também contra a nova
cepa do coronavírus e que estava pesquisando o impacto da mutação.
A empresa já enviou um pacote de
dados completo para pedir o registro da vacina à agência de medicamentos
britânica, segundo o ministro de Saúde do Reino Unido, Matt Hancock.
Noticia: dw.com