quinta-feira, 21 de março de 2019

País livre de sarampo


Perda de status de país livre de sarampo é retrocesso, diz pediatra
Para Isabella Ballalai, é possível reverter quadro de surto
Publicado em 21/03/2019 - 05:55
Por Paula Laboissière - Repórter da Agência Brasil Brasília

A perda do status de país livre do sarampo representa um retrocesso para o Brasil e as Américas, segundo avaliação da vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabella Ballalai. O anúncio de que o país vai perder o certificado de eliminação da doença foi feito pelo próprio Ministério da Saúde esta semana, após a confirmação de um caso no Pará, no fim de fevereiro.

“É triste ver voltar uma doença que já foi uma das principais causas de mortalidade infantil. A vacinação contra o sarampo mudou a mortalidade infantil, fez cair a mortalidade infantil. Conversando com um grupo de médicos como eu, que vi o sarampo, assinei muito atestado de óbito de criança que morreu por sarampo, ver a doença voltar é, sem dúvida alguma, um retrocesso que não precisava existir”, disse.

A OMS destaca que o o índice de imunização da segunda dose da vacina contra o sarampo na Europa é de menos de 95%
Campanha de vacinação contra o sarampo - Foto: OMS/ONU

Em entrevista à Agência Brasil, a pediatra, que atua há mais de 30 anos na área de imunização, defendeu estratégias com foco na comunicação com a população e na capacitação de profissionais. Ela lembrou que, apesar das baixas taxas de cobertura, a dose contra o sarampo sempre esteve disponível nos postos de saúde.

“Todos os anos, a gente tem a campanha de atualização da caderneta de vacinação. Antigamente, era uma campanha só para o sarampo. Agora, passou a ser um dia para atualizar todas as doses em atraso. ”
A especialista afirmou que é necessário resgatar a memória sobre a importância da vacina na imunização e a compreensão de que, mesmo não tendo a doença, se parar de vacinar, o mal pode voltar.
“Parece que as pessoas hoje prestam mais atenção em fake news, numa informação que não é verdadeira, e não valorizam a doença. Antigamente, quando o ministério fazia uma campanha contra o sarampo, as famílias iam correndo porque viam os amiguinhos dos filhos morrerem ou adoecerem por sarampo. Hoje em dia, ninguém mais vê sarampo. ”

Reversão do quadro

Para Isabella Ballalai, o Brasil tem chance de reverter o quadro de surto de sarampo e reconquistar a condição de país livre da doença. Segundo ela, o brasileiro, em geral, acredita nas vacinas, mas precisa ser mais bem informado e ter maior facilidade no momento de acessar a dose.
A pediatra destacou que o país conta atualmente com cerca de 36 mil salas de vacinação na rede pública, mas o funcionamento desses locais precisa ser revisto.
“Os postos ainda funcionam em horário comercial e param para almoço. Precisamos rever isso porque as famílias trabalham. Na realidade, o que a gente precisa é parar o que está sendo feito e rever como fazer. Vacina a gente tem. Sala de vacinação a gente tem. Brasileiros que acreditam em vacinação são maioria. O antivacinismo não é um problema grande no Brasil, é muito pequeno e não é esse o motivo que faz com que as pessoas não se vacinem. ”
Vacinação

A vice-presidente da SBIm reforçou que a vacinação contra o sarampo, em particular, não é prevista apenas para crianças – adultos até 49 anos também precisam ser imunizados. No Amazonas, segundo ela, a maior parte dos casos foi identificado em adultos, não em crianças. Esse, na avaliação do especialista, é outro grande desafio na busca pelo certificado de eliminação da doença.
“A gente precisa ter a população adulta vacinada. O ministério oferece a vacina gratuitamente para eles. Essa comunicação é a mais difícil de ser entendida – fazer essas pessoas irem tomar vacina. Não é vacina de criança, é vacina de todos nós. O sarampo é mais grave em adultos do que em crianças, e o adulto ainda transmite para a criança que não está vacinada. A gente precisa vacinar, pelo menos, todos até os 49 anos de idade”, afirmou.
Números

De 1º de janeiro a 19 de março deste ano, foram confirmados laboratorialmente 28 casos de sarampo em dois estados do Brasil, sendo 23 no Pará e cinco no Amazonas. Os casos, de acordo com o Ministério da Saúde, estão relacionados à cadeia de transmissão iniciada no país em 19 de fevereiro do ano passado.
Durante todo o ano de 2018, foram confirmados 10.326 casos de sarampo, sendo 9.803 no Amazonas, 361 em Roraima e 79 no Pará. O pico da doença foi registrado em julho passado, quando 3.950 casos foram contabilizados.
LINK DA NOSSA MATÉRIA:
http://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2019-03/brasil-perdera-status-de-pais-livre-do-sarampo-apos-caso-no-par
Edição: Carolina Pimentel

terça-feira, 19 de março de 2019

Barragem do Ceará


Prefeitura tenta tirar famílias de área de risco em barragem do Ceará
Publicado em 18/03/2019 - 14:15
Por Alex Rodrigues – Repórter da Agência Brasil Brasília

Cerca de 480 pessoas que vivem na área de impacto da barragem do açude Granjeiro, em Ubajara, no Ceará, ainda não deixaram suas casas. A barragem foi embargada provisoriamente pela Agência Nacional de Águas (ANA) na última quarta-feira (13) devido ao risco de rompimento da estrutura que comporta milhões de metros cúbicos de água. No sábado (16), a prefeitura anunciou que as 513 famílias que vivem no entorno da barragem precisam deixar a área.
Segundo o secretário de Assistência Social, Francisco Jairo Ferreira de Araújo, parte da estrutura foi reforçada com a colocação de 12 mil sacos de areia de 60 quilos. O objetivo é conter a erosão da barragem. De acordo com Araújo, o risco de um acidente é “mínimo”, mas ele existe, e a prefeitura percorre a área hoje para convencer as famílias a sairem do local.
“Ainda há pessoas que resistem a deixar suas casas”, disse o secretário à Agência Brasil, enquanto aguardava os ônibus que vão ajudar na evacuação temporária da área.

“O risco de rompimento é mínimo, mas como estamos abrindo um novo sangradouro para escoar parte da água e, assim, reduzir o nível d´água e a pressão sobre a barragem, qualquer possibilidade de uma inundação tem que ser levada em conta. Estamos tratando da segurança do povo e queremos evitar a todo custo uma tragédia como a de Brumadinho”, acrescentou o secretário.
barragem Granjeiro
Açude Granjeiro, em Ubajara, no Ceará - Banco de Imagens ANA / Divulgação

Parte das famílias que moram ao longo do Rio Jaburu e que deixaram suas casas estão alojadas em um abrigo do Santuário Mãe Rainha, mantido pela Igreja Católica. Outra parte preferiu ir para a casa de parentes. Ainda não há previsão de quando poderão retornar para casa.
O secretário afirmou que as famílias estão recebendo apoio psicológico e assistencial da prefeitura, que decretou estado de emergência e ponto facultativo na cidade e recebeu o apoio das prefeituras de Ibiapina e Tianguá, que disponibilizaram ambulâncias e carros de som.
A barragem do açude Granjeiro pertence à empresa Agroserra Companhia Agroindustrial Serra da Ibiapaba. Foi construída há cerca de 40 anos e, de acordo com o secretário de assistência social, não vinha recebendo manutenção adequada. Segundo a Agência Nacional das Águas, a empresa já havia sido autuada devido às condições da estrutura.
Técnicos da agência reguladora estão no local desde o final de semana, acompanhando a evolução e as medidas para resolver os problemas. A prefeitura de Ubajara não descarta acionar judicialmente os responsáveis pela Agrossera a fim de tentar reaver parte dos gastos com a evacuação e a recuperação da barragem.
Alerta
O alerta sobre o risco de rompimento da barragem devido à erosão do terreno foi feito por um morador da região que, durante o carnaval, gravou e divulgou um vídeo na internet exibindo uma cratera que se abriu em um trecho da parede da barragem. Imediatamente, a prefeitura, com a ajuda de outros órgãos e até de voluntários, começou a dispor os sacos de areia para reforçar a estrutura. No entanto, com a chuva dos últimos dias, o nível da água subiu e os técnicos da Defesa Civil passaram a temer que a pressão adicional rompesse o dique.
No vídeo que divulgou hoje nas redes sociais, o prefeito da cidade, Renê Vasconcelos, disse que a barragem está estável, mas não totalmente segura.
“Queremos trabalhar com uma margem de 0% de risco. A Defesa Civil e a ANA mantêm o aviso de evacuação, principalmente nos próximos dias. Como estamos concluindo este novo sangradouro auxiliar vai haver uma grande vazão no rio e pode ser que haja alguns pontos de alagamento. Queremos evitar qualquer dano. Por isso, é preciso obedecer às ordens da Agência Nacional das Águas e da Defesa Civil municipal para garantir a segurança da operação e do nosso povo”.
Edição: Maria Claudia