quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Zika, zika



Antibiótico pode ajudar a evitar que Zika danifique o cérebro fetal, diz estudo

  • 30/11/2016 17h35
  • Washington


Da Agência Xinhua
Cientistas norte-americanos disseram ter identificado células do tecido cerebral fetal que são alvo do vírus Zika e determinaram que um antibiótico comum considerado de uso seguro durante a gravidez, o azitromicina, pode bloquear esta infecção, pelo menos em células cerebrais cultivadas em laboratório. As informações são da agência chinesa Xinhua.

Pesquisadores da Universidade da Califórnia em San Francisco (UCSF) relataram que o vírus Zika infecta preferencialmente as células cerebrais com abundância de uma proteína chamada AXL, que atravessa a membrana celular externa com vários tipos de células e serve como um portão de entrada para o vírus invasor.

As células do cérebro fetal que incorporam esta proteína incluíram células estaminais neurais e células progenitoras que eventualmente formam outros tipos de células cerebrais e que desempenham um papel especialmente importante no crescimento e desenvolvimento do cérebro em estágio fetal.

Saiba Mais
Outras células com  a proteína AXL incluíram micróglia, que são as células imunes do cérebro, e os astrócitos, um tipo de célula cerebral já totalmente desenvolvida e especializada que suporta os neurônios na condução dos sinais neurais. Os neurônios que têm falta da AXL não foram facilmente infectados, em contraste com observado anteriormente em camundongos de laboratório previamente utilizados para estudar a infecção pelo Zika.

Os pesquisadores então examinaram 2.177 remédios aprovados pela Food and Drug Administration  (FDA) dos EUA para verificar sua capacidade de bloquear a infecção por Zika nas células cerebrais cultivadas no laboratório e identificaram vários remédios que o fizeram, incluindo a azitromicina, um antibiótico amplamente utilizado.

As descobertas, publicadas online no Journal Proceedings of the National Academy of Sciences dos EUA, foram lideradas por Joseph DeRisi, líder do Departamento de Bioquímica e Biofísica da UCSF, e Arnold Kriegstein, diretor do Centro de Regeneração e Medicina Eli e Edythe Broad e pesquisador celular na UCSF.

"A nossa caracterização da infecção no cérebro humano em desenvolvimento esclarece a patogênese da infecção congênita ZIKV (pelo vírus Zika) e fornece uma base para pesquisar possíveis estratégias terapêuticas para evitar com segurança as consequências mais graves desta epidemia," concluíram no artigo.

O vírus Zika é transmitido principalmente pelo mosquito tropical Aedes aegypti. Estima-se que entre um por cento e 13 por cento das mulheres infectadas durante a etapa inicial da gravidez pelo vírus têm bebês com microcefalia, condição definida por uma cabeça menor e com danos cerebrais.

Atualmente, não há tratamento para evitar que o vírus Zika prejudique o feto, e o mecanismo biológico que explica como a microcefalia surge a partir da infecção ainda não está claro.


quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Estamos detendo o HIV!



Novas estratégias contra a Aids








Anthony Fauci apresentou os resultados de experimentos que podem levar a uma nova estratégia de tratamento e prevenção da AIDS
de Chicago



No final da tarde de segunda-feira, dia 17, diante de uma plateia de quase 2 mil pessoas, Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID), apresentou os resultados de experimentos realizados por sua equipe, em colaboração com outros centros de pesquisa dos Estados Unidos, que podem levar a uma nova estratégia de tratamento e prevenção da AIDS. É o uso de anticorpos que bloqueiam a ação da integrina α4β7, uma proteína que controla a ação de células do sangue conhecidas como CD4, importante no combate ao vírus HIV.

“Ainda não é a cura, mas conseguimos deter a replicação do vírus”, disse ele em sua apresentação na primeira sessão plenária do Congresso HIV Research for Prevention (HIVR4P), que seguirá até sexta, dia 21, em Chicago, nos Estados Unidos. Se avançar como esperado, essa estratégia poderia resolver ou amenizar um problema do tratamento de pessoas com HIV/AIDS: os medicamentos antivirais eliminam com eficácia a replicação do HIV, mas o vírus volta a se replicar logo depois de a medicação ser interrompida.

As conclusões que ele apresentou baseiam-se em um estudo realizado com 15 macacos e publicado em 14 de outubro na Science. Durante 90 dias, contados a partir da quinta semana após a infecção, sete animais receberam uma medicação antiviral (imunoglobuina G) e oito, o anticorpo. Depois desse período, o HIV voltou a se multiplicar nos animais que receberam antiviral, enquanto os do grupo não apresentaram sinais de aumento da carga viral mesmo depois de nove meses depois da interrupção do tratamento.

“É uma prova de conceito em modelos animais, e estamos planejando agora uma prova de conceito em seres humanos”, disse ele a Pesquisa FAPESP, após a apresentação. Por ser a avaliação de uma hipótese – uma prova de conceito –, em geral não se sabe se a proposta é factível, mas neste caso os pesquisadores tiveram sorte. O anticorpo foi aprovado pela Agência de Alimentos e Medicamentos (FDA) dos Estados Unidos em 2014 com o nome de vedolizumab, para tratamento de doenças inflamatórias intestinais.

“Temos de avaliar a segurança e a eficácia da droga com muito cuidado, porque foi aprovada contra colite, não contra Aids”, disse Fauci. O NIAID está planejando um teste clínico com 17 a 27 pessoas com HIV para verificar se seria possível obter os mesmos resultados obtidos em macacos. Se der certo, segundo Fauci, a etapa seguinte seria um teste em escala maior, com centenas de participantes.

Em 30 anos, a Aids deixou de ser uma doença fatal e se tornou tratável, mas a transmissão do vírus continua crescendo. Os 28 países da Comunidade Europeia registraram quase 30 mil novos casos por ano, com crescimento da transmissão entre homens (+44% de 2005 a 2014) e redução da transmissão heterossexual (-33%, no mesmo período), segundo Ruxandra Draghia-Akli, diretora geral de Pesquisa e Inovação da Comissão Europeia. “Um programa de prevenção com o grupo de homens que fazem sexo com homens deveria ser prioridade na Europa”, disse ela.

Nos Estados Unidos, registram-se cerca de 50 mil novos casos por ano e no Brasil, cerca de 40 mil. No mundo todo, 28 milhões de pessoas recebem o diagnóstico positivo para HIV a cada ano.

“Os medicamentos de ação prolongada serão muito importantes para tratar e prevenir a Aids”, disse Myron Cohen, diretor do Institute for Global Health and Infectious Diseases. Até o momento, nenhuma das vacinas previstas funcionou de modo satisfatório, embora outras estratégias, como os medicamentos profiláticos e dispositivos como os aneis vaginais com microbicina, estejam sendo avaliados e debatidos no congresso de Chicago.

Artigo científico
Siddappa N. Byrareddy, S.N. et al. Sustained virologic control in SIV+ macaques after antiretroviral and α4β7 antibody therapy. Science , v. 354, n. 6309, p. 197-202, 2016.

sábado, 15 de outubro de 2016

Meninos também serão protegidos contra HPV



Meninos também serão vacinados contra HPV a partir de 2017
Primeiro da América Latina, Brasil espera imunizar mais de 3,6 milhões de meninos a partir do ano que vem
por Paula Laboissière, da Agência Brasil publicado 11/10/2016 13:07
Marcelo Camargo/Agência Brasil 




 Serão imunizados contra o HPV meninos de 12 e 13 anos




Brasília – A partir de janeiro de 2017, a rede pública de saúde vai passar a oferecer a vacina contra o HPV para meninos de 12 a 13 anos como parte do Calendário Nacional de Vacinação. A faixa etária, de acordo com o Ministério da Saúde, será ampliada gradativamente até 2020, período em que serão incluídos meninos de 9 a 13 anos.

A expectativa da pasta é imunizar mais de 3,6 milhões de meninos em 2017, além de 99,5 mil crianças e jovens de 9 a 26 anos que vivem com HIV/aids no Brasil. Serão adquiriras, ao todo, 6 milhões de doses ao custo de R$ 288,4 milhões.

Segundo o governo federal, o Brasil será o primeiro país da América Latina e o sétimo no mundo a oferecer a vacina contra o HPV para meninos em programas nacionais de imunização. Estados Unidos, Austrália, Áustria, Israel, Porto Rico e Panamá já fazem a distribuição da dose para adolescentes do sexo masculino.

Duas doses
O esquema vacinal contra o HPV para meninos será de duas doses, com seis meses de intervalo entre elas. Já para os que vivem com HIV, o esquema vacinal é de três doses, com intervalo de dois e seis meses, respectivamente. Nesses casos, é necessário apresentar prescrição médica.

Custos
O ministro da Saúde, Ricardo Barros, destacou que, apesar das novas inclusões, não haverá custo extra para o governo federal já que, neste ano, a pasta anunciou a redução de três para duas doses no esquema vacinal contra o HPV para meninas. O quantitativo previsto, segundo ele, foi mantido.

"É mais um avanço que conseguimos fazer sem ampliar investimentos", disse Barros. "É um conjunto de ações integradas que temos feito para produzir mais e mais resultados com os recursos que temos", completou.

Meningite
A pasta anunciou ainda a ampliação da vacinação contra a meningite C para adolescentes de ambos os sexos. Foram adquiriras 15 milhões de doses, a um custo de R$ 656,5 milhões. O objetivo do governo é reforçar a eficácia da dose, já aplicada em crianças de 3, 5 e 12 meses mas que, com o passar dos anos, pode perder parte de sua eficácia.

A meta é vacinar 80% do público-alvo, formado por 7,2 milhões de adolescentes. Além de proporcionar proteção para essa faixa etária, a estratégia tem efeito protetor de imunidade rebanho – quando acontece a proteção indireta de pessoas não vacinadas em razão da diminuição da circulação do vírus.

Segundo o ministério, a ampliação só foi possível graças a economia de R$ 1 bilhão por meio da revisão de contratos e redução de valores de aluguéis e outros serviços. Parte dos recursos está sendo investida na produção nacional da vacina pela Fundação Ezequiel Dias.

Parceria
A coordenadora do Programa Nacional de Imunização, Carla Domingues, destacou que o ministério pretende investir em parcerias com escolas da rede pública e particular para facilitar o acesso de meninos e meninas às doses contra o HPV e contra a meningite.

"Vacinar adolescentes não é como vacinar crianças, que os pais pegam na mão e levam ao posto de saúde. É mais complicado", disse. "Com os adolescentes, não conseguimos alcançar coberturas vacinais tão completas como entre as crianças", completou.