Emissões
de CO2 viram pedra quando gás é enterrado
Com
informações da BBC - 13/06/2016
Cientistas
afirmam que o carbonato solidificado no meio do basalto, parecido com giz,
"aparentemente foi produzido pelo novo processo". [Imagem: The
CarbFix Project/Divulgação]
Gás carbônico petrificado
Cientistas acreditam ter
encontrado uma maneira inteligente de reduzir as emissões de dióxido de carbono
- transformá-lo em pedra. Ou, pelo menos, solidificá-lo nas reentrâncias de
rochas porosas.
Em um experimento feito em uma
usina geotérmica na Islândia, o gás carbônico emitido pela usina, juntamente
com água, foi injetado no subsolo, no interior de rochas vulcânicas.
As primeiras análises sugerem que
o CO2 reagiu com os minerais nas camadas profundas, convertendo o gás em um
sólido estável, com a consistência de giz, que permeia as fissuras da rocha
matriz, conhecida como basalto.
Outro resultado animador, como
descreveu o grupo em artigo na revista Science, foi a velocidade do processo: questão
de meses.
"De 220 toneladas de gás
carbônico injetado, 95% foi convertido em pedra calcária em menos de dois
anos," afirma o coordenador da pesquisa, Juerg Matter, da Universidade de
Southampton, no Reino Unido. "Foi uma grande surpresa para todos os
cientistas envolvidos no projeto."
Sequestro e conservação de
carbono
As técnicas conhecidas como
sequestro e conservação de carbono podem ser uma solução para o aumento da
concentração de dióxido de carbono na atmosfera.
Experimentos anteriores injetaram
gás carbônico puro em arenito e em aquíferos profundos de água salgada. As
locações escolhidas - que incluíram poços desativados de petróleo e gás - se
valiam de camadas impermeáveis de rochas resistentes para conter o dióxido de
carbono, já que se teme que ele escape de volta para a atmosfera.
O Projeto Carbfix na Islândia,
por outro lado, busca solidificar o carbono indesejado.
Trabalhando com a usina
geotérmica de Hellisheidi, no entorno de Reykjavik, a iniciativa combinou gás
carbônico e água para produzir um líquido levemente ácido, injetado centenas de
metros até as rochas basálticas que compõem grande parte dessa ilha do Norte do
Atlântico.
Usina geotérmica de Hellisheidi, na Islândia,
continua a bombear CO2 e sulfeto de hidrogênio nas profundezas. [Imagem: The
CarbFix Project/Divulgação]
CO2 vira pedra
A água de baixo pH (3,2) serviu
para dissolver os íons de cálcio e magnésio nas camadas de basalto, que
reagiram com o dióxido de carbono para gerar os carbonatos de cálcio e
magnésio. Tubos inseridos no local dos testes coletaram pedras com os
característicos carbonatos brancos ocupando os poros das rochas.
Os pesquisadores também
"marcaram" o CO2 com carbono-14, uma forma radioativa do elemento.
Desta maneira puderam verificar se parte do CO2 injetado estava voltando à
superfície ou escoando por algum curso d'água. Nenhum vazamento foi detectado.
"Isso significa que podemos
bombear grandes quantidades de CO2 e armazená-lo de maneira bem segura e em um
curto período de tempo", disse o coautor do estudo Martin Stute, da
Universidade de Columbia, nos EUA. "No futuro, podemos imaginar o uso
disso em usinas de energia em locais com muito basalto - e há muitos locais
assim."
Desafios e dificuldades
Contudo, outros especialistas,
como Christopher Rochelle, do Serviço Geológico Britânico, alertam que nem
todos os basaltos são iguais, e que será necessário avaliar se o comportamento
se repete em outras localidades.
Há também o problema do custo.
Capturar CO2 em usinas e outros complexos industriais é caro, e as empresas
alegam serem necessário "incentivos", o que significa obter recursos
públicos para bancar o processo.
Outro ponto a ser considerado é a
infraestrutura necessária para bombear gás até o local em questão. No caso do
Projeto Carbfix, há necessidade de um volume significativo de água. Apenas 5%
da massa bombeada terra abaixo é CO2.
Bibliografia:
Rapid carbon mineralization for permanent disposal of anthropogenic carbon dioxide emissions
Juerg M. Matter, Martin Stute, Sandra Ó. Snaebjörnsdottir, Eric H. Oelkers, Sigurdur R. Gislason, Edda S. Aradottir, Bergur Sigfusson, Ingvi Gunnarsson, Holmfridur Sigurdardottir, Einar Gunnlaugsson, Gudni Axelsson, Helgi A. Alfredsson, Domenik Wolff-Boenisch, Kiflom Mesfin, Diana Fernandez de la Reguera Taya, Jennifer Hall, Knud Dideriksen, Wallace S. Broecker
Science
Vol.: 352, Issue 6291, pp. 1312-1314
DOI: 10.1126/science.aad8132
Rapid carbon mineralization for permanent disposal of anthropogenic carbon dioxide emissions
Juerg M. Matter, Martin Stute, Sandra Ó. Snaebjörnsdottir, Eric H. Oelkers, Sigurdur R. Gislason, Edda S. Aradottir, Bergur Sigfusson, Ingvi Gunnarsson, Holmfridur Sigurdardottir, Einar Gunnlaugsson, Gudni Axelsson, Helgi A. Alfredsson, Domenik Wolff-Boenisch, Kiflom Mesfin, Diana Fernandez de la Reguera Taya, Jennifer Hall, Knud Dideriksen, Wallace S. Broecker
Science
Vol.: 352, Issue 6291, pp. 1312-1314
DOI: 10.1126/science.aad8132
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