Ministro defende gestão informatizada para melhorar
uso de recursos na saúde
“Não farei campanha no governo pedindo mais
dinheiro para o setor”, declarou Ricardo Barros, em audiência pública na Câmara
dos Deputados nesta quarta-feira
O ministro da Saúde, Ricardo Barros, disse
nesta quarta-feira (5) aos deputados das comissões de Seguridade Social e
Família; e de Fiscalização Financeira e Controle que é possível usar melhor 20%
dos recursos do sistema de saúde, ou R$ 50 bilhões, com a informatização da gestão.
Ele defendeu a ideia de que a falta de recursos para o setor não é
generalizada, e que os governos têm de gastar melhor o que já têm.
Billy
Boss - Câmara dos Deputados
Ricardo
Barros: "Temos de trabalhar com os recursos que já possuímos"
A informatização, afirmou o ministro, vai
possibilitar o pagamento de serviços efetivamente prestados, fiscalizando
melhor a produtividade dos médicos do Sistema Único de Saúde (SUS), por
exemplo. Segundo ele, tem havido uma grande resistência ao cumprimento da carga
horária.
“Os pacientes não comparecem a 30% das consultas
marcadas, e 80% dos exames radiológicos pedidos têm resultado normal”,
acrescentou Barros, ao mencionar outros exemplos de mal-uso dos recursos.
Limites do SUS
Barros informou que aguarda uma decisão favorável do Supremo Tribunal Federal (STF) ao argumento de que o atendimento da população tem limites. Isso deverá acontecer com o julgamento de duas ações, uma delas sobre a disponibilização de medicamentos de alto custo.
“Espero que o Supremo decida que o SUS tem uma
tarefa finita, possível. Temos de trabalhar com os recursos que possuímos. Não
farei campanha dentro do governo contra a área econômica, pedindo mais dinheiro
para a saúde”, declarou.
Deputados comentam
Vários deputados da base do governo elogiaram o que chamaram de “pragmatismo” do ministro e, em especial, o atendimento personalizado que ele estaria dando aos parlamentares. “Vossa Excelência está resolvendo entraves burocráticos antigos, que paralisavam obras importantes para a saúde brasileira”, comentou Wilson Filho (PTB-PB).
Lucio
Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados
Wilson
Filho elogiou a atuação do ministro na desburocratização do setor
Conforme o ministro, a execução de emendas
individuais subiu de 31,6% em 2015 para quase 80% em 2016.
Pelo lado da oposição, porém, o deputado Chico
D'Angelo (PT-RJ) discordou da opinião de Barros e afirmou que o maior problema
da área de saúde está, sim, na falta de recursos. “O senhor é o primeiro
ministro da Saúde que diz que o SUS não precisa de mais verbas, uma lógica
completamente na contramão dos seus antecessores”, apontou.
Segundo Barros, em seus 300 dias de governo, já
conseguiu economizar R$ 2,9 bilhões com o que ele chamou de “desaparelhamento”
do ministério e outras medidas de gestão.
Repasse simplificado
O ministro pediu aos parlamentares apoio para um projeto de lei ou medida provisória que deverá ser encaminhado (a) ao Congresso pelo Executivo no sentido de simplificar o repasse de recursos do SUS a estados e municípios.
Divulgação/Câmara
dos Deputados
Já Chico
D'Angelo questionou a afirmação do ministro de que não vai pedir mais verbas
para o SUS
Barros também disse que deverá ser proposto ao
Congresso uma legislação que permita aos pais registrarem seus filhos no local
onde eles nasceram ou no local onde moram. “Isso porque muitos municípios não
têm maternidade”, explicou o ministro.
Credenciamentos
Questionado a respeito da necessidade de ampliação dos credenciamentos para serviços de alta e média complexidade, Barros destacou que o deficit do setor é hoje superior a R$ 3 bilhões e, portanto, não haverá novos credenciamentos até o final do ano.
Com relação ao programa Farmácia Popular, Barros
explicou aos parlamentares que a iniciativa está passando por uma avaliação
pois foram descobertas fraudes, como receitas utilizadas várias vezes. Segundo
ele, a população não ficará sem atendimento porque, onde não houver farmácia do
governo ou farmácia privada que faça parte do programa, o cidadão poderá buscar
o remédio no posto de saúde.
Febre amarela
Sobre o problema da febre amarela, o ministro informou que o governo ainda está avaliando a possibilidade de fracionar a vacina em cinco doses, a fim de ampliar a cobertura imediatamente.
Reportagem
– Sílvia Mugnatto
Edição – Marcelo Oliveira
Edição – Marcelo Oliveira
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