Prefeitura tenta tirar famílias de área de risco em
barragem do Ceará
Publicado em 18/03/2019 - 14:15
Por Alex Rodrigues – Repórter da
Agência Brasil Brasília
Cerca de 480 pessoas que vivem na área de impacto da barragem do açude
Granjeiro, em Ubajara, no Ceará, ainda não deixaram suas casas. A barragem foi
embargada provisoriamente pela Agência Nacional de Águas (ANA) na última
quarta-feira (13) devido ao risco de rompimento da estrutura que comporta
milhões de metros cúbicos de água. No sábado (16), a prefeitura anunciou que as
513 famílias que vivem no entorno da barragem precisam deixar a área.
Segundo o secretário de Assistência Social, Francisco Jairo Ferreira de
Araújo, parte da estrutura foi reforçada com a colocação de 12 mil sacos de
areia de 60 quilos. O objetivo é conter a erosão da barragem. De acordo com
Araújo, o risco de um acidente é “mínimo”, mas ele existe, e a prefeitura
percorre a área hoje para convencer as famílias a sairem do local.
“Ainda há pessoas que resistem a deixar suas casas”, disse o secretário
à Agência Brasil, enquanto aguardava os ônibus que vão ajudar na
evacuação temporária da área.
“O risco de rompimento é mínimo, mas como estamos abrindo um novo
sangradouro para escoar parte da água e, assim, reduzir o nível d´água e a
pressão sobre a barragem, qualquer possibilidade de uma inundação tem que ser
levada em conta. Estamos tratando da segurança do povo e queremos evitar a todo
custo uma tragédia como a de Brumadinho”, acrescentou o secretário.
Açude Granjeiro, em
Ubajara, no Ceará - Banco de Imagens ANA / Divulgação
Parte das famílias que moram ao longo do Rio Jaburu e que deixaram suas
casas estão alojadas em um abrigo do Santuário Mãe Rainha, mantido pela Igreja
Católica. Outra parte preferiu ir para a casa de parentes. Ainda não há
previsão de quando poderão retornar para casa.
O secretário afirmou que as famílias estão recebendo apoio psicológico e
assistencial da prefeitura, que decretou estado de emergência e ponto
facultativo na cidade e recebeu o apoio das prefeituras de Ibiapina e Tianguá,
que disponibilizaram ambulâncias e carros de som.
A barragem do açude Granjeiro pertence à empresa Agroserra Companhia
Agroindustrial Serra da Ibiapaba. Foi construída há cerca de 40 anos e, de
acordo com o secretário de assistência social, não vinha recebendo manutenção
adequada. Segundo a Agência Nacional das Águas, a empresa já havia sido autuada
devido às condições da estrutura.
Técnicos da agência reguladora estão no local desde o final de semana,
acompanhando a evolução e as medidas para resolver os problemas. A prefeitura
de Ubajara não descarta acionar judicialmente os responsáveis pela Agrossera a
fim de tentar reaver parte dos gastos com a evacuação e a recuperação da
barragem.
Alerta
O alerta sobre o risco de rompimento da barragem devido à erosão do
terreno foi feito por um morador da região que, durante o carnaval, gravou e
divulgou um vídeo na internet exibindo uma cratera que se abriu em um trecho da
parede da barragem. Imediatamente, a prefeitura, com a ajuda de outros órgãos e
até de voluntários, começou a dispor os sacos de areia para reforçar a
estrutura. No entanto, com a chuva dos últimos dias, o nível da água subiu e os
técnicos da Defesa Civil passaram a temer que a pressão adicional rompesse o
dique.
No vídeo que divulgou hoje nas redes sociais, o prefeito da cidade, Renê
Vasconcelos, disse que a barragem está estável, mas não totalmente segura.
“Queremos trabalhar com uma margem de 0% de risco. A Defesa Civil e a
ANA mantêm o aviso de evacuação, principalmente nos próximos dias. Como estamos
concluindo este novo sangradouro auxiliar vai haver uma grande vazão no rio e
pode ser que haja alguns pontos de alagamento. Queremos evitar qualquer dano.
Por isso, é preciso obedecer às ordens da Agência Nacional das Águas e da
Defesa Civil municipal para garantir a segurança da operação e do nosso povo”.
Edição: Maria Claudia
Nenhum comentário:
Postar um comentário