Vacinação
é ferramenta mais eficaz para controlar doenças, diz especialista
- 18/09/2016 15h58
- Brasília
Paula
Laboissière – Repórter da Agência Brasil
Estratégia brasileira é eficaz para controlar
doenças imunopreveníveis como variola, sarampo e paralisia infantil, diz Isabella
Balalai Arquivo/Agência Brasil
A partir desta segunda-feira
(19), crianças menores de 5 anos e na faixa de 9 a menos de 15 anos devem
comparecer aos postos de saúde para atualizar a caderneta de vacinação. A
presidente da Sociedade Brasileira de Imunização, Isabella Ballalai, defende a
estratégia, que considera a ferramenta mais eficaz para o controle de doenças
imunopreveníveis como varíola, sarampo e poliomielite.
“Se há uma coisa da qual o
brasileiro pode se orgulhar é do nosso programa de imunização e do calendário
de vacinação. Temos as doses mais importantes – 15 no total. E temos bons
resultados com as vacinas que aplicamos. Entre as crianças, a cobertura chega a
100%. Campanhas são feitas todos os anos com o objetivo de chamar quem não está
em dia para se vacinar”, explicou.
Em entrevista à Agência Brasil,
Isabella disse que um dos principais desafios brasileiros atualmente é melhorar
a homogeneidade da imunização na população. Isso porque o país, como um todo,
registra bons índices de cobertura vacinal, mas também tem bolsões onde a
vacinação é deficitária – sobretudo em municípios das regiões Norte e no
Nordeste.
“Tivemos, recentemente, surtos de
sarampo no Ceará e em Pernambuco porque não houve cobertura homogênea nos
municípios. Os bolsões ficam evidentes em cidades pequenas. É importante também
que municípios grandes fiquem de olho [no que ocorre] dentro de seus próprios
limites para identificar localidades que não atingem a cobertura mínima
necessária”, ressaltou Isabella.
Cumprimento do calendário
Isabella destacou que as vacinas
a que devem ser aplicadas ao longo do primeiro e do segundo anos de vida têm,
em geral, boa adesão entre os brasileiros. De acordo com a especialista, a
maioria das crianças nessa faixa etária completa o esquema vacinal. As falhas
começam a aparecer entre os 4 e os 5 anos de vida, quando são aplicados as
doses de reforço das vacinas anteriores.
“Nessa faixa etária, a adesão
gira em torno de 50%. São crianças que não vão mais tanto ao pediatra, ou que
só vão quando estão doentes. O acompanhamento cai um pouco”, disse Isabella.
“Vacinar sozinho não resolve. A gente tem que ter boas coberturas vacinais com
homogeneidade.”
Para a especialista, outro
problema é a falta de informação, sobretudo no que diz respeito às vacinas
recomendadas para adolescentes e adultos. O primeiro grupo, apesar da baixa
procura por postos de saúde, tem pelo menos quatro doses a serem aplicadas na
rede pública: contra difteria e tétano; sarampo, caxumba e rubéola; HPV; e
hepatite B.
“Vacinar adolescentes e adultos é
mais difícil ainda. No caso do HPV, por exemplo, a segunda dose é aplicada seis
meses depois da primeira e, muitas vezes, cai no esquecimento. Essa campanha
serve de oportunidade para meninas que receberam a primeira dose do HPV receberem
também a segunda e completarem o esquema vacinal”, afirmou Isabella
Jornada Nacional de Imunizações
No próximo dia 28, será realizada
em Belo Horizonte a 8ª Jornada Nacional de Imunizações, maior evento do gênero
no país. Com o tema Imunização e saúde global – uma nova era de desafios e
enfrentamentos, o encontro deve reunir as principais referências no setor para
discutir assuntos que vão desde o ressurgimento de doenças já controladas no
Brasil ao desenvolvimento de novas vacinas.
Durante os quatro dias de
conferências, simpósios e mesas-redondas, também serão debatidos temas como
notificação e atendimento a casos de eventos adversos; como evitar novos
episódios de desabastecimento; imunização do viajante; e estratégias de
comunicação para combater os boatos que prejudicam a adesão às vacinas.
Edição: Nádia
Franco
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